De volta à minha segunda terrinha - Argentina
- Cris Feira
- 14 de fev. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de ago. de 2024
Em 2023, quase 10 anos depois de ter morado em Mendoza, finalmente voltei à tão saudosa Argentina. Era um sonho pisar nessa terrinha novamente e esse ano eu estava disposta a me fazer muito feliz, realizando as coisas de que tinha vontade há tempos. Parti então no mês de agosto para uma imersão de 20 dias. Cheguei primeiro em Buenos Aires, conhecida como CABA - Ciudad Autónoma de Buenos Aires. Fiquei aí durante alguns dias em um hostel, situado no bairro Alto Palermo, que era um prédio antigo muito bonito, que pertencia a uma família. A acomodação era ampla, tranquila, acolhedora, com anfitriões educados e, como não é novidade pra ninguém, já que estamos em todas as partes do mundo, cheio de brasileiros hospedados. É tão legal ver a alegria um do outro quando se encontram. Acredito que seja, em parte, poder conversar em português. A gente se sente mais em casa, digamos. Nesse hostel, conheci pessoas de diferentes nacionalidades: chileno, peruano, colombiano, francês, coreana e argentinos de outras partes da Argentina. O que é algo muito rico que uma acomodação desse tipo pode proporcionar. Foram dias de passeios, prática do espanhol (ou castelhano, como assim preferem dizer por lá e em grande parte da América onde o idioma é oficial) e trocas culturais.

Durante esses dias na capital me organizei e consegui desbravar bem a cidade, até de bicicleta. Resolvi também fazer um passeio na cidade de Tigre, na companhia de uma brasileira de São Paulo que conheci no hostel. O passeio de barco me fez lembrar muito as ilhas do Pará (lugar do Brasil que conquistou o meu coração). Tudo é muito lindo e gostoso por lá. Depois do passeio fomos tomar um café da tarde. Pedi uma de minhas bebidas favoritas, o submarino, uma medialuna recheada e uma empanada. Mais tarde, caminhamos à procura de uma sorveteria para provar o sorvete da região e encontramos uma muito boa e que o sorvete é bem maior do que o da capital. Depois disso, para fechar a programação do dia, fomos conhecer o cassino. Tiramos várias fotos por lá e fizemos vídeos, e quando estávamos saindo o segurança informou que não poderia utilizar o celular. Bem que estranhamos que ninguém estava com celular em mãos, o que é raro hoje em dia.



Procurando o meu norte no norte da Argentina :D
Depois de quase uma semana em Buenos Aires, segui com destino à Salta. Já no avião, tive uma sensação muito ruim, de claustrofobia, algo que nunca tinha acontecido comigo. O norte da Argentina tem um tal de "Mal de ar" que infelizmente me pegou de jeito. Eu tinha planos de conhecer quatro cidades de Salta e acabei ficando só na capital porque passei muito mal lá. Logo que cheguei, eu tive uma dificuldade imensa pra engolir e até pra respirar. Meu nariz sangrou algumas vezes de tão seco que estava e fiquei praticamente sem voz. Mesmo me hidratando, bebendo muita água e me alimentando, eu só melhorava um pouco quando tomava chá de coca, que é o que recomendam por lá nesses casos. Mas falando da cidade de Salta, ela é simplesmente linda e aconchegante. Caminhar pelas ruas à noite foi uma experiência muito gostosa. Aproveitei a noite também para visitar uma igreja extraordinária, que por fora parecia um teatro, a Igreja San Francisco. Fui agradecer ao Meu Pai pela oportunidade de viver dois sonhos de viagem em um único ano e por muitas outras coisas que Ele faz por mim. Tive uma experiência mais que especial nessa igreja. Durante o dia fiz o passeio no teleférico e fui na feira de artesanato, que tem muitas coisas bonitas para recordação e para presentear. Amei a cidade e a comida. Minha imersão nela foi bem fraca. Não pude conhecer ninguém porque nem tinha como puxar conversa por estar sem voz. Mas valeu ter pisado lá.



Procurando o meu norte - parte 2 :D
Depois dessa breve visita à Salta, parti então de ônibus para San Salvador de Jujuy. Trajeto em que aconteceu a história do cachecol. Passei só a noite na capital, onde conheci duas argentinas de Buenos Aires, no dia seguinte aproveitei a companhia delas e fui para Tilcara, onde visitamos Pucará e Garganta del Diablo, que foi um passeio que exigiu bastante esforço físico, pois era uma grande subida e na volta tinha rajadas de vento com terra. Foi bem difícil descer. Os dois passeios foram bons, mas eu esperava um pouco mais do segundo.
Mantendo base em Tilcara, o próximo objetivo era conhecer Purmamarca e Salinas Grandes. E assim o fiz. Purmamarca é muito bonita. É montanha de pra tudo quanto é lado. Tinha uma feira de artesanato e estava acontecendo um evento folclórico na cidade. Pena que só passei por lá. Logo, parti para Salinas Grandes. A subida para as salinas com o guia e outros turistas foi muito rica. Uma senhora que estava sentada ao meu lado me relatou sobre a exploração de litio no norte e que isso era o que estava levando às ondas de protesto e fechamento das ruas. Ela me chamou a atenção para uma coisa que achei muito bonita, quando me mostrou fotos que tirou de algumas pessoas de lá e me disse: essa é a face do povo daqui. Achei tão lindo e sensível o olhar dela e pensei, como não tive essa ideia também. Mas sei que meu lado certinho demais não me deixa fotografar as pessoas em segredo. Achei realmente lindo ela ter me mostrado as fotos dos rostos dos povos originários. Já estando nas salinas ventava muito e um vento frio na cara, apesar de ter um solzinho e o dia estar bonito. Foi um passeio muito divertido. O guia já vai indicando as poses e já tira as fotos pra gente do nosso celular. Fotos que ficaram ótimas por sinal. Ao descer de volta para Pumamarca as meninas ficaram na cidade e eu retornei à Tilcara, pois já havia comprado passagem para voltar à Salta para pegar o voo para Mendoza. Minha voz e garganta ainda estavam ruins. Cheguei com muita pressa na estação, pois o transporte por lá estava bem caótico dadas as manifestações. O ônibus estava atrasado. Nesta espera, uma senhora muito bondosa, que também estava esperando um ônibus puxou conversa comigo, me levou até um quiosque para comprar um vick e tomar com água quente, enquanto sua filha vigiava os ônibus. Depois voltei para continuar na espera. As meninas passaram por mim cheias de comprinhas, curtiram bastante Purmamarca e retornaram à Tilcara e eu ali, sentada, esperando o ônibus. Elas quase não me viram e quando me viram levaram um susto, pois achavam que eu já estaria longe. O ônibus atrasou 3 horas. Mas enfim, partiu aeroporto de Salta com destino à Mendoza!



cris

O bom filho à casa torna
Cheguei em Mendoza! Feliz da vida. Logo na saída do aeroporto vi uma raposa, achei incrível. O ruim é que fui recebida pelo vento Zonda, que esteve bem forte nos primeiros dias. Fiquei três dias por lá sem fazer nada, mas minha voz e garganta melhoraram bastante. No terceiro dia consegui ir ao supermercado comprar uns vinhos, alfajores e otras cositas más. Depois que o Zonda passou fui desbravar Mendoza. Fui na Praça Independência, no Parque General San Martín, no Parque Central, encontrei com alguns amigos em cafés e restaurantes. Tive momentos muito nostálgicos e especiais por lá. Pena que o tempo ficou muito curto, passou muito rápido e faltou subir a montanha. Mas foi lindo!







Bom, foi assim minha aventura na linda Argentina desta vez, com passeios incríveis e divertidos e também com perrengues. Quem nunca, né? Acredito que nada na vida da gente acontece por acaso. Não é por acaso que um ônibus atrasa, não é por acaso que a pessoa fica presa sem poder fazer nada, enfim. Só tenho a agradece por essa oportunidade. Viajar me faz sentir que estou vivendo, não apenas existindo. Saindo do meu lugar, da minha zona de conforto, conhecendo outras culturas e compartilhando também a minha. Isso pra mim é viver. Obrigada, Pai.
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